🇧🇪 Será que precisamos sempre de mulheres que se destacaram?
Essa foi a pergunta bastante pertinente que a cidade de Bruxelas fez e resolveu responder.
Batizar uma rua com o nome da prostituta Eunice Osayande: um "gesto poderoso" da cidade de Bruxelas
É um símbolo raro, talvez mesmo único: a cidade de Bruxelas dá o nome de uma prostituta assassinada em uma rua. A inauguração da rua Eunice Osayande não deve, no entanto, ocultar a enorme disparidade entre homens e mulheres que continua a existir no espaço público de Bruxelas.
Estarão as "colegas" de Eunice Osayande presentes na inauguração da rua com o seu nome, a 16 de junho de 2023? Isabelle Jaramillo, do Espace P, uma associação que defende os direitos dos trabalhadores do sexo, garante que "informámos o bairro". "Há muita rotatividade nas praças. Alguns deles não viveram a época do assassinato, mas conhecem Eunice e a sua história". No entanto, a sua presença pública não é evidente. Por razões ligadas à sua profissão, mas também econômicas: "pode levar à perda de clientes, pelo que não têm outra alternativa senão trabalhar". Neste contexto, "se três ou quatro participarem, é magnífico". A cerimônia contará também com a presença de agentes da polícia federal da brigada especializada no tráfico de seres humanos provenientes de África. "Foram muito afetados por esta morte brutal".
A cidade de Bruxelas declarou que não está interessada num golpe mediático, deixando o evento a cargo dos TDS e das associações que lutam pelos seus direitos. Foram eles que organizaram a pequena cerimônia. No entanto, o importante simbolismo desta rua é sublinhado. "Na nossa política de feminização dos nomes das ruas, colocamos a nós próprios esta questão: será que devemos nomear sempre mulheres que se destacaram?", pergunta Ans Persoons, vereadora do Urbanismo da Câmara Municipal de Bruxelas (one.brussels/Vooruit). "Vamos dar o nome de Hélène Dutrieu a uma rua do bairro de Héliport. Ela foi a primeira campeã mundial de ciclismo, a primeira aviadora belga e a segunda no mundo a obter a sua licença de piloto. Uma oportunidade para mostrar às crianças em idade escolar que tudo é possível. Mas com a Rua Eunice Osayande, vamos aproveitar a oportunidade para recordar as lutas feministas, a luta contra o tráfico de seres humanos e os direitos de todas as mulheres, independentemente do seu nível social". A maioria das mulheres afirma ter sido vítima de violência sexual pelo menos uma vez na vida". Na Bélgica, a percentagem é de 81%, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Ghent em 2021.
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